A História da Higiene: Como mudou em 120 anos?

Neste ano de 2023, assinala-se o 120º aniversário de fundação da Initial e estamos a celebrar o seu percurso desde o fornecimento de toalhas com as iniciais dos Clientes bordadas até se tornar na maior Empresa de Serviços de Higiene do Mundo.

Todos nós damos como garantido o sabão, os desinfectantes, as sanitas com autoclismos, a água limpa e muitos outros aspectos de Higiene. Temos uma miríade de soluções, dispositivos e produtos para manter tudo nas nossas vidas o mais limpo e higiénico possível. No entanto, hoje em dia, ainda são necessárias campanhas para promover as mãos, as superfícies e o ar limpos, de forma a ajudar a prevenir a propagação de doenças infecciosas - até mesmo a Florence Nightingale, conhecida como a fundadora da Enfermagem moderna, apelou  à qualidade do ar limpo!

Como era então nos anos 1900? Aqui fica uma breve visão de como eram algumas áreas seleccionadas da Higiene naquela época e de como mudaram.

Qual era o conhecimento dos microorganismos na época?

Nos anos 1900, pouco se sabia sobre os microorganismos que causavam doenças. As bactérias eram conhecidas desde que Antoni van Leeuwenhoek as descobriu utilizando o seu microscópio de uma única lente em 1677. No entanto, apenas após inúmeras descobertas ao longo do século XIX sobre as causas das doenças, incluindo as de Ignaz Semmelweis, Louis Pasteur, John Snow, Robert Koch e Joseph Lister, é que a ideia de que as bactérias causavam doenças foi aceite. Contudo, mesmo nos anos 1900, existiam muitas doenças cujas causas não eram conhecidas.

O médico Prussiano Robert Koch descobriu em 1882 que a Tuberculose era causada por uma bactéria, mas o único tratamento disponível na altura era repouso na cama e passar tempo ao ar livre. Esta doença era uma das principais causas de morte, matando cerca de um terço das pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 34 anos no Reino Unido. Isso era sinónimo de condições de vida e trabalho precárias e superlotadas, má nutrição e ventilação deficiente. A tuberculose só deixou de estar entre as dez principais causas de morte nos anos 1950, após a disponibilização de antibióticos na década de 1940.

Embora o médico Italiano Filippo Pacini tenha descoberto que a Cólera era causada por um microorganismo em 1854 , foi descoberto separadamente por Robert Koch na Índia, em 1883 e ainda levou anos a ser aceite pela comunidade médica. O Cientista Francês Louis-Daniel Beauperthuy propôs em 1854 que os Mosquitos transmitiam "animalcules" que causavam a Febre Amarela, mas a ideia foi rejeitada pela Academia Francesa de Ciências. Ronald Ross (1902) e Charles Louis Alphonse Laveran (1907) foram premiados com Prémios Nobel pelo seu trabalho sobre a Malária e doenças causadas por parasitas protozoários.

O primeiro vírus, o vírus do mosaico do tabaco, foi descoberto na década de 1890, mas as ferramentas disponíveis na época não conseguiam caracterizá-lo. Nos anos 1900, eram chamados de "micróbios invisíveis" e só na década de 1930 é que um vírus foi isolado. A Pandemia de Gripe de 1918, que teve início nos Estados Unidos quando tropas estavam a ser enviadas para a Europa, inicialmente pensava-se ser causada por bactérias. Na época, os únicos vírus conhecidos eram a Febre Amarela, a Raiva e a Poliomielite.

Como era a Higiene das Casas de Banho nos anos 1900?

Poucas pessoas tinham Casas de Banho interiores e água canalizada no início do século XX na Europa e nos EUA. Estas estavam a tornar-se lentamente mais comuns nas cidades, mas a maioria das pessoas tinha Casas de Banho externas e usava penicos. A moderna sanita com autoclismo estava a ser adoptada pela classe média, especialmente no Reino Unido, mas também causava problemas, pois levava a que os esgotos não tratados fossem descarregados directamente para os riachos e rios próximos.

Começaram a ser instalados sistemas de esgotos nas principais cidades da Europa. O mais famoso foi o sistema de Londres, instalado após o Grande Fedor, causado pelo facto de o Tamisa, cheio de esgotos, ter secado durante a vaga de calor de 1858. Os políticos agiram com receio de que entrassem doenças nas Casas do Parlamento, que na altura se acreditava serem causadas por maus cheiros - a teoria dos miasmas. O Dr. John Snow tinha demonstrado a ligação entre a água contaminada por esgotos e os surtos de cólera em Londres na década de 1850, mas esta teoria não foi aceite durante mais de uma década e as pessoas continuavam a obter água não tratada de poços e do rio Tamisa. Outras cidades da Europa continuaram a registar surtos de Cólera.

Como é que a Lavagem das Mãos se generalizou

A adopção generalizada da Lavagem das Mãos para fins de Higiene esteve intimamente ligada ao aumento da compreensão das doenças e da desinfecção. Surpreendentemente, embora a importância da Higiene das Mãos fosse bem conhecida, as primeiras directrizes nacionais de Higiene das Mãos para os Cuidados de Saúde só foram publicadas na década de 1980 e as directrizes da OMS sobre a Higiene das Mãos nos Cuidados de Saúde foram publicadas pela primeira vez em 2006, incluindo a utilização de desinfectantes para as mãos à base de álcool, que estavam disponíveis desde a década de 1960.

A Lavagem das Mãos para limpeza pessoal está integrada em muitas culturas e práticas religiosas há séculos. A produção de sabão remonta aos tempos da Babilónia para a limpeza do corpo e do vestuário, mas era em grande parte reservada aos ricos. Tornou-se suficientemente barato para as massas no final do século XVIII e no século XIX e os fabricantes de sabão industrial foram dos primeiros a utilizar a publicidade em grande escala para promover os seus produtos. O sabão líquido foi outro produto dos vitorianos, tendo surgido pela primeira vez em 1865 e expandido as suas utilizações para a roupa, o chão e as Casas de Banho nos anos 1900.

Como é que as pessoas secavam as mãos?

Muitas culturas antigas utilizavam panos para secar as mãos, incluindo os Gregos, os Romanos, os Egípcios e os Chineses, mas pensa-se que a toalha tal como a conhecemos hoje, com laços de tecido, foi desenvolvida no Império Otomano no século XVIII. As toalhas tornaram-se um produto de mercado de massas com o crescimento do comércio do algodão e a Industrialização no século XIX.

A toalha de papel moderna começou a ser produzida comercialmente para o papel higiénico em 1857 sob a forma de pacotes de folhas planas e em rolos em 1890. Em 1907, foi introduzida por uma Empresa nas Casas de Banho para evitar que as pessoas utilizassem toalhas para limpar o nariz e prevenir a propagação de constipações. Só na década de 1920 é que foi desenvolvido um produto de papel especificamente para secar as mãos.

Uma das primeiras toalhas de rolo foi patenteada nos EUA em 1938 por Joseph Darman, que a designou por armário dispensador de toalhas. O secador de mãos eléctrico, que sopra ar aquecido sobre as mãos, foi patenteado pela primeira vez em 1922. Desde então, o design foi aperfeiçoado por muitos fabricantes, mas o principal desenvolvimento foi provavelmente a utilização de um jacto de ar em 1993, reduzindo a necessidade de calor.

Uma das maiores mudanças em 120 anos é a preocupação pelo impacto ambiental de cada método de secagem manual na escolha do método a utilizar e no desenvolvimento de produtos, equilibrando energia, recursos naturais, resíduos e reciclagem.

Higiene do Ar

Florence Nightingale, na sua obra Notes on Hospitals, em 1863, escreveu que "uma das causas mais comuns de insalubridade nos Hospitais é a construção inadequada... que leva à dificuldade de ventilação ou à falta de luz". Em 1884, o Dr. Javal elaborou um relatório sobre a Higiene nas Escolas primárias e Infantários para o Governo Francês. Escreveu que o ar interior é viciado quando a concentração de CO2 ultrapassa as 600 ppm. Durante a Pandemia de Gripe de 1918, as pessoas foram aconselhadas a usar máscaras de tecido para ajudar a prevenir a infecção. No entanto, durante a recente Pandemia de COVID-19, 140 anos mais tarde, ainda havia uma falta de compreensão generalizada sobre os riscos de infecções transmitidas pelo ar e a importância da ventilação para a Higiene do Ar.

Os desenvolvimentos na Purificação do Ar também começaram no século XIX, com o desenvolvimento da máscara de gás Stenhouse, baseada num filtro de carvão, em 1854, para protecção contra gases tóxicos. Mais tarde, o primeiro "aparelho para tratamento do ar" foi patenteado em 1906 - incluindo um filtro e controlo de temperatura. O filtro HEPA surgiu do projecto Manhattan, na Segunda Guerra Mundial, para remover partículas radioactivas do ar e foi adoptado pelos fabricantes de Purificadores de Ar. Desde então, tem sido aperfeiçoado, mas continua a ser a norma para avaliar a eficácia dos dispositivos de filtragem do ar.

E agora?

Muitos dos nossos conhecimentos actuais sobre a necessidade de Soluções de Higiene já estavam estabelecidos no início do século XX. Por isso, ainda utilizamos muitos dos produtos que estavam disponíveis nessa altura, ou versões melhoradas - sabonetes, desinfectantes e produtos para secar as mãos. No entanto, a nossa compreensão das doenças e dos produtos químicos, bem como as ferramentas para os analisar mudaram para além da imaginação das pessoas da altura, tal como as infra-estruturas para garantir a Higiene nas Casas e nas Cidades.

Mas esta preocupação ainda existe apenas nos Países desenvolvidos. Uma grande parte da População Mundial vive em condições que não são melhores do que as dos habitantes das Cidades Vitorianas, com falta de Casas de Banho, água canalizada limpa, Cuidados de Saúde e nutrição. Calcula-se que apenas 33% da África Subsariana tenha acesso a saneamento básico e que muitas doenças continuem a ser generalizadas. Cerca de 11 milhões de pessoas adoeceram com Tuberculose em 2021 e um quarto da População Mundial está infectada com esta doença. Melhorar o estado de Higiene nos Países em desenvolvimento é crucial para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, uma vez que influencia todos os 17 objectivos, incluindo a saúde, o bem-estar, o clima e a economia. Com apenas oito anos pela frente, deve ser uma grande prioridade para todos.

A Initial continuará a perseguir o seu objectivo de "Proteger as Pessoas, Melhorar as Vidas, Preservar o nosso Planeta", inovando para melhorar a Higiene e fazendo dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável uma prioridade. Vamos ver onde nos levam os próximos 120 anos.